sexta-feira, 6 de julho de 2012





Comunicação do Sr. Professor Doutor Adriano Moreira, proferida na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no dia 15-05-2012, no âmbito do ciclo de conferências A Europa, uma ideia em construção. - As confluências possíveis num espaço heterogéneo.

                                                                   
                                                                  A CIRCUNSTÂNCIA DO ESTADO EXÍGUO

ADRIANO MOREIRA
Presidente da Academia das Ciências de Lisboa
Presidente do Conselho Geral
da Universidade Técnica de Lisboa


1 – Os desafios à invenção.

A entrada no novo milénio tornou aguda uma interrogação, que passeava discreta pelos textos académicos, sob a designação frequente de – crise do Estado. Muito rapidamente, as circunstâncias mundiais obrigaram a abandonar a discreta atitude crítica, para abertamente discutir se o Estado é uma invenção desafiada pelos factos.

Apenas por lembrança, e para ajudar a clarificar o tema, recordemos que o Estado evoluiu em termos de, desde o Renascimento, se caracterizar por um poder a que chamou soberania e que se analisava na definição de um conjunto convergente de capacidades, designadamente militares, económicas e financeiras, com o recurso jurídico da defesa da jurisdição interna que de facto defendia, os mais frágeis, embora fragilmente, de abusos.

Por muito que os esforços de teólogos, moralistas e juristas, procurassem que um normativismo respeitado assegurasse um comércio pacifico entre os poderes políticos, recorrendo designadamente à hierarquia respeitada, com expressão nos títulos – Imperador, Rei, Grão-Duque, Duque, Conde reinante, etc. – ou às dependências aceites – vassalagem, tributo, protetorado – o primeiro grande esforço a assinalar, que perdurou com relativo êxito até hoje, foi o de considerar a paz como o valor cimeiro de toda a organização, e portanto a paz pelo direito, sem recurso à força, e essa foi a contribuição dos chamados utopistas.

É justamente quando o Renascimento aponta para a soberania absoluta, que as três utopias mais famosas aparecem: Thomas Morus, que no século XX subiria aos altares católicos pela voz de João Paulo II, com a sua Utopia, aparecida um ano antes das 95 Teses de Lutero; Tomaz Campanella, com a Cidade do Sol, cem anos depois de Morus, e Francis Bacon com a Nova Atlântida. Para não alongar a referência, talvez valha como síntese comum a passagem em que Morus declara o regime que procura abolir: por toda a parte, afirma o chanceler experiente e desacautelado de Henrique VIII, “uma certa conspiração dos ricos trabalha contra os pobres”, o que não dava credibilidade à afirmação de que o Estado devesse ser considerado uma Respublica, isto é, como comunidade consolidada pelo bem comum. No fundo, era o conceito nascente de sociedade civil, que levaria ainda séculos a afirmar a sua identidade, e que neste século XXI parece levantar-se contra o Estado, quer no Ocidente que tão longamente se concebeu e afirmou como império do mundo, como por regiões apenas recentemente libertadas do colonialismo, mas não da técnica, como acontece pelo cinturão muçulmano a começar no turbilhão do Mediterrâneo, por muitos países recentes de África, pelo Oriente renascido para disputar hegemonias.

Este objetivo dos modelos daquilo que chamamos hoje sociedade civil, tem por exemplo definição nesta passagem de Campanella (A cidade do Sol, 1623), destacada por Jacques Batzun (Da Alvorada à Decadência, Gradiva, Lisboa, 2003): “Em Nápoles vivem 70.000 almas e, destas, umas escassas 10.000 ou 15.000 fazem algum tipo de trabalho, e estão sempre magras do trabalho em excesso, as restantes tornaram-se presas da ociosidade, da avareza, da falta de saúde, da lascívia, da usura e outros vícios, e corrompem muitas famílias sujeitando-se à servidão para seu próprio interesse”. Talvez não seja difícil encontrar uso para estes termos na linguagem política da crise de hoje, em que a sociedade civil parece crescentemente disposta a reclamar uma relação de confiança com o Estado, que será para isso reformado, e adaptado às novas circunstâncias.

Para isto contribuíram talvez mais, no que toca à doutrina, os teóricos da paz, doutrinadores de uma organização normativa dos vários poderes políticos, que impediria os conflitos armados das soberanias, de que os utopistas, que sem conseguirem afirmar o oferecimento deste patamar, também não contribuíram para que a vida justa e pacifica da sociedade civil fosse liberta da essência do Estado que conheceram: uma distinção entre fortes e fracos, entre os que mandam e os que obedecem, entre os privilegiados do poder e os desmerecidos. As tentativas experimentadas no século passado conduziram às mais destruidoras das guerras registadas pela história (1914-1918 – 1939-1945) e nenhuma delas conseguiu que o sofrimento partilhado por todas as áreas culturais conduzisse à eficácia esperada quer pela SDN, quer pela ONU, embora a lembrança de Kant estivesse sempre presente.

Pelo contrário, aquilo a que assistimos foi ao crescente divórcio e distância entre a realidade e as convicções das potências que supuseram ter ganho a guerra de 1939-1945, em que de facto todo o globo perdeu, e as mudanças da circunstância mundial, ou global para atualizar a semântica, em que nos encontramos vão agravando.

Não obstante a proclamação de igualdade dos Estados na Carta da ONU, o Conselho de Segurança reuniu uma aristocracia de 5 membros, que supunham ter mantido as capacidades hegemónicas que antes da Guerra as distinguiam: sem ignorar a hierarquia entre os cinco, com distinção clara para os EUA e a URSS, mas a França que outros libertaram, e a Inglaterra reduzida a uma ilha relutantemente a aproximar-se do movimento europeu, não podiam ser equiparadas às outras duas com o direito de veto, como se ainda tivessem qualquer capacidade de impor uma hegemonia mundial: a China, da qual ninguém imaginou o crescimento futuro, foi ofensivamente substituída, com nome suposto, pela ilha de Taiwan.

Este desencontro com a realidade viria a traduzir-se no desastrado unilateralismo republicano dos EUA, e na crise financeira e económica que atingiu todo o Ocidente, cujos Estados, sem exclusão dos EUA, finalmente atingidos pela realidade da conjuntura, se viram substituídos por uma multiplicação de poderes ou anónimos ou não previstos por qualquer tratado, como aconteceu com o afamado G20 e o desconhecido diretório financeiro mundial que desafia os governos, determina o presente degradado e o futuro incerto das populações, estabelece novas hierarquias entre as quais se destaca o Protetorado sem verdadeiramente se conhecer o suserano, como acontece com o estatuto a que Portugal foi conduzido.

Os intitulados fundadores, por decisão própria, superpotências, a começar pelos EUA e, mesmo não querendo, a solidária Europa, estão obrigados a repensar o seu verdadeiro poder, porque o Afeganistão, o Iraque, o turbilhão do Mediterrâneo, a desordem de África, a fragilidade da América Latina, e a sobranceria com que todos lhes respondem, já são demonstrações suficientes de exiguidade perante a circunstância mundial. Por isso Barack Obama, em 13 de Abril de 2011, declarou ser “necessário iniciar um processo de exame profundo e de revisão do papel militar dos Estados Unidos no mundo, das missões das suas forças armadas e das capacidades exigidas para as levar a bom termo”. Quando pensamos em Estados como Andorra, Mónaco, Liechtenstein, em pleno Ocidente, todo este em decadência, podemos ter a impressão de que subsistiram, na época das soberanias absolutas, apenas para anunciarem modelos de futuro.

Talvez a primeira manifestação política da exiguidade do Estado esteja na necessidade assumida de se organizarem em grupos, uma designação científica ainda mal assumida, mas suficientemente identificada, para intervir na cena mundial. Os próprios EUA, não obstante manterem a convicção de serem a nação indispensável, a casa no cimo da colina, talvez já tenham compreendido o erro de quebrarem a unidade da NATO com o unilateralismo republicano, tentam dar vida à ALENA (EUA, Canadá, México) não obstante os problemas da fronteira do Rio Grande, redescobrem que o Pacífico é o seu mar histórico, procuram uma aproximação com a China, porque o Pacífico tem de ser dividido. É por isso que a Europa ou salva a unidade ou deixa de ter voz no mundo, porque nenhum dos países da União, nem mesmo a Alemanha, esquecida do seu passado recente, tem voz que se possa fazer ouvir do Atlântico aos Urais, ou no Conselho de Segurança: ou estará a Europa unida, ou a sua voz não será escutada em parte alguma.

Mas esta urgente meditação não se limita aos Estados que perderam estatuto na ordem mundial atingida mortalmente pelas guerras chamadas mundiais e que foram apenas guerras civis dos ocidentais: de facto é uma meditação exigida por todos os Estados, atingindo o próprio conceito de Estado.

Em primeiro lugar, os avanços da ciência sem qualquer precedente equivalente no passado, e a interferência da técnica igualmente a decorrer nesse ambiente de falta de precedente, desafiam a capacidade de numerosos Estado, tal como os conhecemos ainda na viragem do milénio, em face dos desafios da própria natureza, cujos deuses parecem ter decretado a guerra total: lembra a catástrofe terrível de Fukushima, o terramoto, o tsunami, o desastre nuclear, o golfo de Bengala com igual catástrofe natural, o golfo do México, Chernobyl, a fome no sul do Mediterrâneo e a ultrapassar a fronteira europeia desse mar, tudo acontecimentos a provocarem perdas de vidas, de bens e de futuros, sem dimensionamento possível, as exigências de ajuda a ultrapassarem as capacidades mundiais disponíveis, o terrorismo com expressão no 11 de Setembro de 2001, e as suas reproduções em mais de uma das grandes cidades mundiais.

É evidente que não podemos esquecer o terramoto de 1755, mas as multidões atingidas nunca foram tão numerosas, os bens materiais perdidos nunca foram tão avultados, as espécies eliminadas nunca foram tão numerosas, as perplexidades sobre o futuro do homem sobre a terra, e da terra morada comum dos homens, nunca foram tão profundas.

Seguindo a enumeração equilibrada de Jacques Lesourne (L´État submergé, Ramsès, 2012, pg. 89), podemos notar as seguintes exiguidades dos Estados, em relação ao que conhecemos deles ainda no século XX:

1.     Os Estados não são iguais nas suas capacidades de enfrentar os acontecimentos desastrosos, dispondo em regra de recursos financeiros escassos e de capacidades técnicas e científicas limitadas;
2.     Os conhecimentos científicos e técnicos, mesmo partilhados pela humanidade, são insuficientes para as previsões das supercomplexidades da circunstância global;
3.     Tem algum arbítrio distinguir as catástrofes industriais, naturais, de pandemias, ou do descontrolo técnico, etc., porque é frequente a interinfluência e interdependência dos fatores diversos que provocam as catástrofes;
4.     O desenvolvimento da técnica, com efeitos mal sabidos sobre a saúde, não evitou o ataque de Março de 2011 sobre os ordenadores de Bercy e do Eliseu, abrindo um debate inconcluso;
5.     O recurso dos Estados é o princípio da precaução, que não implica, como está confirmado, que seja produto de uma racionalidade eficaz;
6.     Tais atitudes, seja qual for a natureza, implicam uma redefinição das relações internacionais, uma toma atempada e honesta de informação, bases de dados acessíveis, partilha de previsões, seguranças comuns, reforço da segurança das instalações atómicas militares e civis. Poderiam ser acrescentadas facilmente outras exigências.

Não conseguimos ainda uma atitude coordenada dos Estados para tais catástrofes, mas a exiguidade do Estado soberano para as enfrentar é facilmente demonstrada, nos casos que se multiplicam, embora também seja suficientemente conhecida a sua capacidade de os produzir. O resultado, sublinhado por Lesourne e Broughton (loc. cit.) será que “o perigo da subversão que espreita o Estado na questão das catástrofes naturais será talvez mais de investigar nas consequências políticas de tais acontecimentos do que nos seus manifestos políticos, falando francamente”.

2 – Mas se isto diz respeito às grandes potências, tal como aconteceu no passado, que dizer dos pequenos Estados que fizeram parte da ordem mundial que as guerras mundiais, e a anarquia posterior que conduziu à atual catástrofe económica e social, transformaram na debilidade presente, que os submeteu à evolução para Estados exíguos, isto é, cuja relação entre capacidades e objetivos da organização, tende para ser progressivamente deficitária? Portugal é infelizmente um exemplo, que há muito se evidenciava, não tendo faltado apelos, na última década, para que a situação fosse assumida numa relação de diálogo sem ambiguidades entre detentores do poder e sociedade civil.

Nesta entrada do milénio, o sinal mais evidente da exiguidade está na situação de protetorado em que se traduz o aprovado acordo com a brevemente chamada troika, e que coloca o governo a gerir um programa mais imposto que negociado. Trata-se apenas de um sinal de evidência de mudança, espera-se que ultrapassável, do estatuto de soberania do século XX, que já era funcional ou cooperativa pela definição da União Europeia, mas, no conceito desta, em condição de igualdade agora perdida.

Depois, a perda da constitucionalidade soberana inviolável, que tem demonstração na expropriação de direitos possuídos pelos servidores do Estado, na afirmação de que os direitos adquiridos são recordações perdidas, na afirmação de que a constitucionalidade dos princípios pode ser submetida a regras das rebus sic stantibus.

O país teve experiência no passado de ser governado de facto por estrangeiros: foi assim com a Dinastia Filipina, com a intervenção de Wellington fisicamente sentado no trono do Rei ausente no Brasil, na presença ditatorial de Beresford nos 10 anos em que se incluiu o enforcamento dos Mártires da Pátria e do General Freire de Andrade, e ainda, sem necessidade de caricaturar, os anos em que, depois do ultimatum de 1890, a imagem de Portugal no mundo foi a de colónia da Inglaterra.

A sociedade civil reagiu em termos de refundar o Estado – com pesados tributos, incluindo vidas, futuros e bens, dos cidadãos, mas devemos esperar que essa infeliz experiência mantenha hoje a racionalidade no comando da reconstrução. Porque o facto não pode ser descurado: o despovoamento, a crise da agricultura abandonada, o mar esquecido nas preocupações nacionais, a emigração dos melhores na busca de futuro, e também dos menos habilitados em busca de subsistência, o descrédito de instituições como a justiça, a segurança, incluindo as insuficiências das Forças Armadas e de Polícia, a criminalidade, a falta de confiança política, a declarada incapacidade de corresponder à dimensão constitucionalmente assumida do Estado social, e finalmente, o facto de a fronteira da pobreza, que o PNUD ainda no século passado colocava pelo sul do Sara, ter ultrapassado o Mediterrâneo e incluído Portugal, tudo são claras demonstrações de um Estado exíguo, porque as suas capacidades são deficitárias em relação aos objetivos para que foi criado e que constitucionalmente assumira. No passado, foi a sociedade civil que refundou o Estado, por vezes com custos humanos e materiais inaceitáveis. Dessa experiência podemos concluir que a solidariedade e vontade da sociedade civil é de intervenção exigível, e indispensável, mas que a razão não pode ser ultrapassada, e a esperança não pode ser perdida.

Faculdade de Letras de Lisboa
15/05/2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Colóquio - Estado de Direito Democrático: O uso legítimo da força e o direito à integridade pessoal.




Doutor Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados: O direito à integridade pessoal.

Doutora Paula Tanganho, Assessora Jurídica do Sindicato dos Jornalistas: O direito à informação e a liberdade de imprensa

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Conferência de dia 19 de Abril de 2012

No passado dia 19 de Abril tivemos o prazer de apresentar a 3ª Conferência do Ciclo “A Europa uma ideia em construção. – As confluências possíveis num espaço heterogéneo” com a presença da Doutora Odete Santos, que tratou do tema: Os Movimentos Académicos nas décadas de 70 e 80 do século XX.

Numa comunicação em que abordou a evolução dos movimentos académicos nas duas décadas seguintes ao 25 de Abril de 1974, a Doutora Odete Santos partilhou connosco aspectos do seu próprio trajecto como aluna, fazendo uma retrospectiva à Crise Académica, na qual participou enquanto aluna da Universidade de Lisboa, confidenciando histórias vividas na primeira pessoa, mas também demonstrou uma especial atenção quanto ao futuro dos movimentos estudantis. A sua natural capacidade de oradora permitiu uma interacção permanente com a audiência presente, numa comunicação pautada pela boa disposição.





segunda-feira, 16 de abril de 2012

Conferência para dia 19 de Abril de 2012

Temos o prazer de vos convidar a estarem presentes no próximo dia 19 de Abril de 2012 pelas 15 horas na sala 5.2 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para assistirem à terceira Conferência do Ciclo: A Europa, uma ideia em construção -As confluências possíveis num espaço heterogéneo.



Conferência dia 12 de Abril de 2012


No passado dia 12 de Abril tivemos o prazer de apresentar a 2ª Conferência do Ciclo “A Europa uma ideia em construção. – As confluências possíveis num espaço heterogéneo” com a presença do Professor Doutor Carvalho da Silva e o Professor Doutor Garcia Pereira.
Devemos realçar o nosso agradecimento pela suma gentileza que tiveram em aceitar o nosso convite, mas também pela forma como fizeram as suas apresentações, que permitiram àqueles que tiveram a oportunidade de assistir uma visão profunda sobre os temas apresentados.
 Sr. Professor Doutor Carvalho da Silva: A Evolução do Mercado Laboral na Europa a partir da década de 80 do séc. XX.
Sr. Professor Doutor Garcia Pereira: O Direito do Trabalho português no espaço da União Europeia. A sua relação com a competitividade.




segunda-feira, 26 de março de 2012

Conferências para o dia 12 de Abril de 2012

Temos o prazer de vos convidar para estarem presentes no próximo dia 12 de Abril de 2012 pelas 15 horas na sala 2.13 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para assistirem ao segundo painel do Ciclo de Conferências: : A Europa, uma ideia em construção -As confluências possíveis num espaço heterogéneo.





quinta-feira, 22 de março de 2012

O Banco de Portugal no contexto de moeda única.


No passado dia 15 de Março, tivemos o privilégio de receber como nossa convidada a Srª Drª Teodora Cardoso para uma comunicação subordinada ao tema “ O Banco de Portugal no contexto de moeda única”, no âmbito do nosso Ciclo de Conferências intitulado: A Europa, uma ideia em construção. - As confluências possíveis num espaço heterogéneo. Gostaríamos de agradecer publicamente à Srª Drª Teodora Cardoso, a amabilidade de ter acedido ao nosso convite, agradecendo a sua interessante e estimulante comunicação, que ficará na lembrança de cada um de nós, alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Fazemos um agradecimento especial ao Professor Doutor Amílcar Guerra. Agradecemos também a todos os alunos e Professores presentes.
Deixamos aqui os principais pontos explorados pela Srª Drª Teodora Cardoso na sua comunicação:
As mudanças que a moeda única trouxe a Portugal
Estabilidade de preços
A política monetária pré-euro
A evolução do enquadramento internacional e tecnológico
A exigência de mudança de regime da política monetária
As vantagens e condicionantes da moeda única
O enquadramento institucional da moeda única
Um enquadramento exigente a nível interno
O Banco de Portugal antes da moeda única
O Banco de Portugal após a moeda única
A economia sem o travão do financiamento
O papel das instituições
Lições
Erros a evitar


Deixamos aqui algumas fotografias da sessão.








terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Carta de Transdisciplinaridade


Carta de Transdisciplinaridade

(Adoptada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, Convento da Arrábida, Portugal, 2-6 Novembro 1994)

Preâmbulo

Considerando que a proliferação actual das disciplinas académicas conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar global do ser humano;
Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão planetária dos conflitos actuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie;
Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecno-ciência triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia;
Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas consequências sobre o plano individual e social são incalculáveis;
Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história, aumenta a desigualdade entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engendrando assim desigualdades crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta;
Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode conduzir a uma mutação comparável à evolução dos humanóides à espécie humana;
Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento da Arrábida, Portugal 2 - 7 de Novembro de 1994) adoptaram o presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade de espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e institucional.

Artigo 1:
Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.

Artigo 2:
O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade.

Artigo 3:
A transdisciplinaridade é complementar à aproximação disciplinar: faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.

Artigo 4:
O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novo olhar, sobre a relatividade definição e das noções de ““definição”e "objectividade”. O formalismo excessivo, a rigidez das definições e o absolutismo da objectividade comportando a exclusão do sujeito levam ao empobrecimento”.

Artigo 5:
A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exactas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual.

Artigo 6:
Com a relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade é multidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e da história, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-histórico.

Artigo 7:
A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma nova metafísica ou uma ciência das ciências.

Artigo 8:
A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária. O surgimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo - a uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar.

Artigo 9:
A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.

Artigo 10:
Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural.

Artigo 11:
Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstracção no conhecimento. Deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos.

Artigo 12:
A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado de que a economia deve estar a serviço do ser humano e não o inverso.

Artigo 13:
A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o diálogo e a discussão, seja qual for sua origem – de ordem ideológica, científica, religiosa, económica, política ou filosófica. O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma única e mesma Terra.

Artigo 14:
Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às ideias e verdades contrárias às nossas.

Artigo final:
A presente Carta Transdisciplinar foi adoptada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que visam apenas à autoridade de seu trabalho e de sua actividade. Segundo os processos a serem definidos de acordo com os espíritos transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressistas de ordem nacional, internacional para aplicação de seus artigos na vida.

Convento de Arrábida, 6 de Novembro de 1994
Comité de Redacção
Lima de Freitas
Edgar Morin
Basarab Nicolescu.




Cf. http://www.apha.pt/boletim/boletim1/pdf/CartadeTransdisciplinaridade.pdf

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Expresso da Meia Noite - Edição de 02-11-2011 - A Economia do Mar: Uma Saída para a Crise


Manuel Pinto de Abreu, secretário de Estado do Mar
António Costa e Silva, presidente Partex
João Pedro Matos Fernandes, presidente da administração do Porto de Leixões
Tiago Pitta e Cunha, especialista em políticas dos oceanos
Num debate com Ricardo Costa, director do jornal Expresso, e Nicolau Santos, director-adjunto do Expresso.

Portugal e o Mundo

Caso de sucesso na exportação; a cultura portuguesa
A sua presença pode ser encontrada onde menos se espera.

 
La Rue Kétanou


PortugaltheMan

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Apresentação


Somos um grupo de estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa interessados na criação e no desenvolvimento de uma plataforma que visa englobar as várias áreas de conhecimento existentes na nossa Faculdade. É com este intuito que nos apresentamos como estudantes empenhados em potenciar a interacção multidisciplinar, esperando dessa forma contribuir para o desenvolvimento profissional e académico dos alunos, assim como a promoção da própria instituição.
Pensamos ser pertinente a existência de um núcleo de alunos com estas características. Os projectos a desenvolver vão ao encontro dos interesses surgidos no seio da comunidade discente; esperamos dessa forma estimular uma capacidade de intervenção criativa e activa nas problemáticas surgidas no seu percurso académico, indo ao encontro dos seus interesses.

Os nossos objectivos são:

  • Suscitar a identificação e aproximação dos alunos com as actividades de cariz académico promovidas no interior da Faculdade de Letras.
  • Consciencializar o aluno da sua responsabilidade social como estudante do ensino superior, de forma a prestar um melhor contributo como cidadão.
  • Criar laços de interdisciplinaridade entre as diversas áreas do conhecimento.
  • Promover o percurso académico dos alunos, dando-lhes a possibilidade de organizarem eventos de cariz científico.
  • Desenvolver uma estrutura que possa funcionar como suporte institucional para a elaboração de projectos.
  • Estabelecer uma rede de contactos com diversas instituições de forma a poder potenciar o trabalho académico.
  • Valorizar a Faculdade pelos seus alunos.